ILHA DE MOÇAMBIQUE NA ROTA DA PIMENTA
"Quando Vasco da Gama chegou, em 2 de Março de 1498, já os portugueses sabiam da existência da Ilha de Moçambique e de outros portos de comércio na costa oriental africana, pois a viagem do achamento do caminho maritimo para a Índia foi longa e hábilmente preparada desde 1415 pelo Infante D. Henriques, que já em 1460 mandava Diogo Gomes à Índia por mar - iam as nossas navegações por alturas do mar da Guiné.
Vinte e tantos anos depois, em 1484, D. João II comunicava ao Papa a descoberta do caminho marítimo do Oriente, e afinal ainda apenas se navegava no mar do Congo. Três anos depois, os descobrimentos tomavam melhor rumo, pois João de Paiva e Pêro da Covilhã eram despachados por terra, via Cairo, em missão de reconhecimento económico dos mercados produtores do Oriente, logo seguidos de Bartolomeu Dias por mar à procura da volta do Cabo.
Não há notícia de qualquer viagem importante entre as de Bartolomeu Dias e Vasco da Gama, mas é de crer que os navegadores da época gastaram alguns anos no estudo da arte de navegar no Atlântico Sul, tempo consumido em medições astronómicas e observação dos ventos e das correntes.
Camões divulgou as perpécias da viagem do Gama e os factos ocorridos durante a sua estadia na Ilha de Moçambique, de que era Xeque um tal Cacoeja.
Obtido o necessário pilôto e deixados dois degredados na Ilha a tomar notícias: Damião Rodrigues e João Machado, o jovem capitão (29 anos apenas) seguiu para o Oriente, tornou a passar por Moçambique na volta, ocasião em que na Ilha de Goa foi rezada missa campal, deixou um padrão, fez-se ao mar e seguiu para Lisboa. Estava descoberto o caminho marítimo da Índia, em cuja rota ficou encorporado o pôrto de Moçambique como escala necessária à navegação sujeita à contingência das monções.
Logo depois veio Pedro Álvares Cabral e outras mais armadas começaram a tocar em Moçambique, feitoria desde 1502 e pôrto sempre marcado nos regimentos das armadas, instruções de que vinham munidos todos os capitães que traziam frotas à Índia.
Dois motivos obrigaram os portuguêses à ocupação militar de portos na costa oriental de África: o ouro de Monomotapa, que os levou a fortificar Sofala, e a navegação da Índia, que os fixou em Moçambique. E assim em 1507 o feitor Duarte de Melo começou a levantar uma fortaleza ligeira à maneira dos pequenos castelos de Portugal, com sua tôrre de menagem - o Forte de S. Gabriel, perto da actual Praça de S. Sebastião, e se abaluartou a ponta norte da Ilha, virada ao mar, para defesa da barra, com bateria de canhões no lugar onde anos depois se levantou a Capela de Nossa Senhora do Baluarte, que tomou o seu nome do facto de ali haver aquela primeira defesa improvisada.
Para administração, defesa e guarda dos negócios da África Oriental nomeou EL-Rei o seu capitão de Sofala e Moçambique sem lugar fixo, residindo num pôrto ora noutro, mas é de crer que estivesse em Moçambique sempre por voltas de Agosto, quando chegavam as naus do Reino com as cartas de novas, acêrca da oriêntação a dar ao negócio de Sofala e dos Rios.
Com o progresso do trato da India e o incremento da guerra naval no Oriente - que os maometanos nos não perdoavam, incitados pelos Estados da Índia, que tivessemos em detrimento deles o monopólio da especiaria, começou a crescer a importância da pequena Ilha de Moçambique, e quando D. João de Castro em 1544-1545 foi mandado governar o Oriente era já de grande necessidade a fortificação do pôrto.
Já as nossas dificuldades na Índia eram enormes e pode afirmar-se que não levavamos para Lisboa um quintal de pimenta que não custasse ao Rei- Senhor do Comércio- o sacrifício dos soldados que morriam nas batalhas da terra e do mar, avultadas despesas de guerra contínua, navios perdidos e outras mil desgraças, mas valia a pena sustentar ainda o comércio do Oriente nem que fôsse à força de canhões. Foi esta a razão que levou o Governador D. João de Castro a propor a contrução da Fortaleza de S. Sebastião, ao mesmo tempo que indicava a necessidade de inutilizar o canal de Sancul, entupindo-o, projecto grandioso que teve a aprovação real mas não passou disso.
Na verdade, Moçambique, Ormuz, Goa e Malaca eram as bases que para o tempo, defendiam o nosso comércio indiano da cobiça alheia e da obstrução dos mulçumanos. O Oceano Índico era um mar português em cuja orla ficavam espalhadas, mas guardadas, as feitorias que abasteciam a Casa da Índia, sustentavam a Fazenda Real e no fim de contas enriqueciam apenas os banqueiros estrangeiros de Lisboa, os flamengos da Flandres e os mercados da Holanda e Hamburgo.
1570 é o auge da época do ouro; desembarca em Moçambique a grande expedição de Francisco Barreto para a conquista do Monomotapa.
Ao findar o século XVI já a praça de Moçambique era povoado importante, com duas fortalezas, hospital, igrejas e casas de religiosos (em que não havia número de frades para constituir conventos), e era numeroso o casario, tal qual como no-lo deixou Linschotten num desenho precioso.
Deve-se o crescer do povoado ao aumento de moradores em especial gente de guerra.
Em cada jornada as náus levavam padres para converter os infiéis, soldados para combater, feitores para o comércio, fidalgos pelintras enxotados ao Paço da Ribeira com sua carta de mercê lavrada a benesses de ganância, homens honrados e gente vilã, mulheres brancas que acompanhavam seus maridos ao serviço de EL-Rei, bispos e frades, um santo ea fina flôr da nobreza, a ralé, e de todos, muitos por lá ficaram, outros, poucos, voltaram, uns honradamente pobres, outros deshonestamente ricos.
Outro pequeno Oriente era a Zambézia, que os portugueses calcorreavam em busca de ouro, subindo o rio e trilhando a selva, fundando Sena, passando a Tete, subindo à Manica, comprando, vendendo panos, bugigangas, alcool em troca do marfim, do ouro e da prata.
Neste comércio a Ilha é apenas entreposto.
Século XVII. A estreia é má. Os holandeses já não se contentam com a troca mercantil via Lisboa; querem ser os intermediários e vêm à Índia nos seus navios com os seus soldados. Não lhes passa, porém despercebida a grande importância do pôrto de Moçambique e atacam a Ilha, várias vezes, uma delas em força. D. Estêvão de Ataíde, capitão da praça, defendeu-a dum cêrco feroz com 100 soldados e 50 moradores, numa luta longa e árdua, dia e noite, durante semanas.
Salvou-se o povo, salvou-se a praça. Os Holandeses levantaram cêrco depois de arrasar e incendiar a cidade, causando enormes prejuizos, avaliados em 100:000 cruzados da época.
O século XVII é o periodo áureo das igrejas na Ilha. Surgem os jesuítas, que prestaram no sertão serviços relevantes, e deles se sabe que na Ilha eram possuidores da maior parte das casas de aluguer, que obtiveram por doação, certamente.
Facto importante a registar no século XVII é a mudança que se opera na vida económica da Conquista e que tem seus naturais reflexos na capital.
Em virtude da ocupação da costa dos Reinos de Angola e Congo pelos holandeses, inicia-se em Moçambique o comércio de exportação de escravos para o Brasil; passa-se da economia do ouro para a economia da escravatura, inaugura-se uma nova época da história desta costa. O grande negócio do escravo é a moneração, porque o indigena extrai menos ouro e o negócio do escravo é mais fácil. Data de então a grande penetração económica nas terras firmes do continente fronteiro à Ilha, porque na zona de influência da capital o Mossuril é a base dêsse negócio.
Ainda no século XVII a praça de Moçambique cresceu de importância por causa da busca das famosas minas da prata, na Zambézia, e que tiveram sua lenda na Europa, e Ilha, pela segurança da sua fortaleza, era considerada indispensável para o bom êxito dessa empresa que foi sonho dum século.
Outro facto da mais alta importância no século XVII foi a fundação da Companhia dos Banianes de Dio em 1686, com privilégio do Vice-Rei para o comércio entre aquela praça e Moçambique.
No século XVIII acentua-se a decadência da Colónia, a braços com uma grave crise económica. Para a levantar de tal abatimento resolve em 1752 o Marquês de Pombal separar Moçambique do Governo da Índia, e tal medida teve logo o seu reflexo na Ilha, que em 1761, por carta régia de 9 de Maio, foi elevada de praça à categoría de Vila."
Vamos fazer uma viagem a Terras que muitos Portugueses pisaram no passado. Vamos rever aquilo que eles viram e que, talvez por falta de meios, nunca conseguiram mostrar-nos. A todos os nossos estimados leitores desejamos uma viagem agradável ao outro lado do Mundo... Venham daí connosco:
É bom recordar algumas músicas que os Portugueses deixaram em Goa e que ainda continuam a ser preservadas. Vejamos»»: »» Vamos viajar + »»» Konkani Song + »» Holiday »» Malhão (+...) »» Tia Anica (+...)
This 213 years old mansion was built by a Portuguese noble man, who was the Dean of the Church, and founder of Quepem town.
The house faces the Church he built and is on the banks of the wildly beautiful Kushavati River.
It is built in an unusual style blending elements of Hindu and Portuguese architecture.
Another of its outstanding features are the lush gardens which have managed to preserve their historical features and have, since old times, been known as the most beautiful pleasure gardens in Goa.
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Esta mansão com 213 anos foi construída por um nobre Português, que era o decano da Igreja, e fundador da cidade de Quepem.
A casa situa-se em frente à Igreja que ele construiu, nas margens do rio wildly bela Kushavati.
O Palácio foi construído num invulgar estilo, com mistura de elementos de arquitectura hindu e Português.
Outra das suas principais características é o luxuoso jardim ( lush gardens), que conseguiu preservar sua característica histórica e, desde tempos antigos, foi reconhecido como o mais belo e aprazível jardim de Goa.
By Willoughby
Fonte: Palácio do Deão
Estamos no ano escolar de 1957/1958. Era assim que, em História na 4.ª Classe, se falava do Antigo Estado Português da Índia: 2.ª Dinastia - Reinado de D. Manuel I - "O VENTUROSO" (1495 - 1521) "(...) Os grandes descobrimentos - D. Manuel I prosseguiu na senda dos seus antepassados para a realização do maior sonho de Glória, que era a dilatação da Fé e do Império pelos quatro cantos do mundo. A frota, já preparada por D. João II para a grande Viagem da Índia, encontrava-se então reunida na praia do Restelo. Compunha-se de três naus (S. Gabriel, S. Rafael e Bérrio) e uma barcaça de mantimentos, levando todas, aproximadamente, uma tripulação de 170 homens. Era seu almirante Vasco da Gama, e piloto, da nau capitânia, Pêro de Alenquer. Assim constituida, e depois de desfraldadas as velas, em que se via a Cruz de Cristo, a armada partiu de Belém com destino à Índia, no dia 8 de Julho de 1497. A 22 de Novembro, dobrava o Cabo da Boa Esperança, a 15 de Abril de 1498 aportava em Melinde e a 20 de Maio do mesmo ano chegava finalmente a Calecute (Índia), depois de ter visitado toda a costa oriental da África. Estava descoberto, por mar, o Caminho do Oriente! Esta imortal odisseia, realizada por Vasco da Gama, assombrou o mundo. (...)" Império Oriental (Conquistas na África e na Índia) - A grandeza e fama de Portugal eram então celebradas por todo o Mundo. Nem tudo estava, porém, concluido. Mas a cruzada começada pelo Infante D. Henrique ia entrar na sua fase decisiva, sob os auspícios do Rei Venturoso. D. Francisco de Almeida, 1.º Vice-rei da Índia, conquistou, na costa oriental da África, Mombaça e Quiloa (1505); fundou, no Oriente, as fortalezas de Cananor, Angediva e Cochim; e, perto de Dio, desbaratou uma poderosa armada egípcia; Afonso de Albuquerque, 2.º Vice-Rei, guerreiro invencível e conquistador de renome mundial, tomou Ormuz, Goa e Malaca, fundando na Índia um vasto império português (1507-1511); Lopo Soares de Albergaria, 3.º Vice-Rei, dominou Colombo, na ilha de Ceilão. (...)" "Título do Rei - Depois de descoberto o caminho marítimo para a Índia e de assegurado tão grande império, que se dilatava pelos confins da África, Ásia, América e Oceania, D. Manuel I tomou o pomposo título de Rei de Portugal e dos Algarves, daquém e dalém Mar, em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia. (...)" "Monumentos - O Mosteiro dos Jerónimos, erigido em comemoração da descoberta do caminho marítimo para a Índia, é uma obra colossal e magnificente. Foi construido por Boitaca e João de Castilho. Nele se encontram sepultadas as cinzas do rei Venturoso, seu fundador. "