Manuel Maria Carrilho considera que a forma como o primeiro-ministro demissionário está «agarrado ao poder» o torna «incapaz de servir»
Falando no seu espaço de comentário semanal na Edição das Dez, na TVI24, Carrilho fundamentou as suas conclusões na convicção de que Portugal necessita urgentemente de ajuda externa: “Vivemos um momento de gravidade e de urgência e nisso são unânimes todos os economistas de todos os quadrantes políticos”.
Para o ex-embaixador da Unesco em Paris, só o primeiro-ministro não vê a situação, estando nisso “completamente isolado”. E não vê, acrescenta Carrilho, porque está a “contar uma história ao país” para “prosseguir a sua estratégia de se manter no poder”.
Analisando a linha de actuação do secretário-geral do PS nos últimos meses, o professor de Filosofia identifica aquilo que chama de “estratégia de Xerazade”, remontando à história de As Mil e Uma Noites: “Enquanto ela fosse capaz de contar uma história por noite, a sua vida não estava em risco”, explica Carrilho. Como recorda, trata-se de uma estratégia de marketing político teorizada pelo antigo conselheiro de George W. Bush, Karl Rove. “É o que Sócrates tem feito”, afirma o agora analista político.
Segundo Carrilho, “Sócrates já percebeu que o pedido de ajuda externa é inevitável, mas também que isso será o seu fim político”. Por isso, afirma, “diabolizou o FMI – o inimigo externo – e quem chumbou o PEC – o inimigo interno”.
“Está a contar uma história ao país em que ele é o herói. (…) Ficou à espera de um culpado e ele apareceu com o PEC IV. (…) Está muito agarrado ao poder”, salientou Carrilho."